quarta-feira, 30 de maio de 2012

A RAZÃO DA FELICIDADE


Nicholas Fearn
Mas como descobrimos qual a função do homem? Aristóteles definiu-a como aquela parte da natureza dos seres humanos que é exclusiva deles. Não podemos ser, portanto, a faculdade de crescer, pois a partilhamos com as plantas. Nem pode ser a sensação, já que os  animais . O também  a possuem. Os que têm  na vida o prazer por única meta comportam-se como meros animais. O que de fato temos e que nenhuma outra criatura tem, no entanto, é a faculdade da razão. Assim como não podemos compreender uma faca a menos que saibamos que a sua função é cortar, ou uma bolota a menos que saibamos que o seu fim é desenvolver-se em um carvalho, não nos compreendemos a nós mesmos a menos que estejamos ciente da faculdade que nos é particular e da meta que ela nos permite alcançar. Essa meta – o fim último para o qual todos os nossos fins são meros meios – é a eudaimonia, ou, como podemos dizer, a felicidade. Para Aristóteles, a eudaimonia consiste em agir em conformidade com a razão. Uma forma de atividade racional é o raciocínio prático – o tipo envolvido em virtudes morais como a coragem e a generosidade. O processo da nossa vida é sermos bons – bons em sermos humanos. Contudo, mesmo que uma pessoa exiba todas as virtudes morais no grau correto, o infortúnio ainda seria capaz de lhe causar infelicidade., O indivíduo realmente feliz precisa ser saudável, abastado e não escravo [nem mulher], acredita Aristóteles.
*Do livro “Iniciação à Filosofia”, de Marilena Chauí

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